segunda-feira, 13 de abril de 2015

Chamado de Adão (Gênesis 1,26-27)

Deus ao criar o homem do barro da terra lhe dá a incumbência de “reinar” sobre toda a criação, isto implica que o ser humano deve ser senhor da sua história. Não me entendam mau aqui, dizer senhor da sua história, enquanto muitos irão dizer que o Senhor da história é Deus. Não discordo, ainda sim exalto o Senhor meu Deus que tudo pode e a quem tudo está submetido; mas aqui refiro-me ao homem como aquele que deve assumir a sua responsabilidade  sobre a criação, deve a cada dia cuidar daquilo que lhe foi confiado e ao final de seu dia, ou como diz são João da Cruz “no entardecer” do seu dia derradeiro apresentar-se diante da divina Majestade e oferecer-lhe tudo o que realizou com essa sua responsabilidade. Deus chama-nos para essa responsabilidade sobre a própria vida, mas também sobre a vida daqueles que nos cercam. Não nos criou para viveremos isolados absolutamente, mas para que a nossa vida fosse um constante amadurecimento e para que ajudássemos os outros que nos cercam a crescer.
A responsabilidade por existirmos não é devida a nós nem a nossos pais, é a Deus. Ele nos fez esse primeiro chamado quando ainda nem existíamos, quando, como diz o salmo: “ainda informe os vossos olhos me olharam e por vós foram previstos os meus dias”. O primeiro momento de nossa existência já Deus nos infunde seu sopro de vida que vai nos enchendo Dele e depois durante toda a vida, mesmo aqueles que dizem não crerem em Deus, aspiraram a Ele. Não é fácil pensarmos que temos um responsabilidade que não pedimos e que não queremos exercer, mas que precisamos exercer, pois deste exercício é que nos realizaremos, somente quando tendemos para cumprir aquilo a que fomos chamados sentimos a alegria encher nosso coração e uma força que não sabemos de onde vem, mas vem, tomar conta de nossa vida e ai encontramos à nossa felicidade.
Este é um dos chamados mais difíceis a serem correspondido, pois vivemos em um mundo que não se quer ter responsabilidade com nada! Não formamos mais a consciência para o bem, para a vida, para a dignidade, para sermos no mundo imagem e semelhança de Deus. Aí quando alguém se dispõe a fazê-lo, não encontra apoio de ninguém, nem mesmo daqueles que deveriam ser a voz e a mão de Deus entre os homens (aqui sem alusão especifica a nenhuma denominação religiosa especifica) estendem a mão para ajudar ou, ao menos os ouvidos para que possam escutar e refletirem sobre o assunto. Não sou aquilo a que fui chamado a ser, sou apenas o produto de uma sociedade que exclui Deus e relega somente à razão as escolhas que devem ser feitas.
Imagino quando Deus, depois de ter formado Adão do barro, ter-lhe sobrado nas narinas o seu próprio halito de vida, de perceber seu coração batendo, seus movimentos surgirem, seu primeiro olhar...Ele deve ter chorado de alegria! Agora alguém que seja igual a si, alguém que poderá caminhar e olhando as coisas todas atribuir-lhes um sentido, um função, alguém que não só vivesse, mas alguém a quem pudesse olhar com amor e o tratar como coroa de toda a criação. Cuidar de tudo, zelar por tudo, eis a grande missão que Deus deu ao homem, eis a missão que Ele ainda dá a mim e a você, mesmo que não o escutemos, mesmo que as vezes nossos ouvidos estejam surdos à sua voz, mesmo se colocamos, ou melhor, se tentamos colocar outro chamado no lugar daquele que Ele nos fez... não desiste, insiste, persiste, porque sabe qual o verdadeiro chamado: responsabilidade pela criação, incluindo eu e meus semelhantes.
Deus que nos chamou à vida pelo amor e nos chamou a participação de sua vida divina por meio do Amor que é substancia Sua, nos quer manter na existência pelo amor. Poderia não nos ter criado nada mudaria em sua gloria e majestade, ele continuaria sendo aquilo, ou melhor, aquele que sempre foi desde sempre e o continuara sendo por toda a eternidade, Deus. Mas quis nos chamar, quis nos criar e depositar em nós, suas criaturas sua admirável vida. Ele, que tudo pode, quis além de nos chamar do nada e nos dotar com seus dons para que pudéssemos colaborar em sua obra salvífica, nos deixou participarmos de sua gloria criadora.

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