quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O chamado de Ester (Ester 2,15-18)
O livro da rainha Ester está entre os de minha preferência e nos faz recordar alguns contos de princesas que ouvimos e que se fazem, consagradas e muito difundidas entre as crianças e adolescentes de todos os tempos. Mas aqui ao contrario da intervenção de magia e outros seres míticos inexistentes na realidade, é o próprio Deus que intervém e vai conduzindo consequências da fraqueza humana para a glória de seu nome e bem de todo um povo.
Esta jovem adotada e criada pelo tio chamado Mordoqueu foi instruída nas leis de Deus e orientada para sempre buscar agrada-lo. A história toma uma guinada quando a rainha Vasti por orgulho e vaidade não comparece na presença do rei Assuero que a queria ao seu lado em um banquete que era oferecido aos grandes do reino. Desmoralizado e irado pela afronta da rainha o rei Assuero decretou sua expulsão do palácio real e a proibição de aparecer novamente na presença do rei, o decreto incitava todos os homens do reino a serem senhores de sua casa e as mulheres a serem-lhe submissas.
Assim começaram a procurar nova esposa para o rei, o que para tal foram trazidas a sua presença no palácio todas as mulheres virgens e de bela aparecia para que fosse escolhida a que mais lhe agradasse, entre as quais, Ester foi a escolhida do rei. Assim a jovem descendente de judeus, criada na simplicidade pelo tio, passa agora a ocupar o lugar de rainha do reino da Pérsia. Deus a chamou ainda de forma velada para uma magnífica missão e lhe foi preparando o coração para que acolhesse no momento oportuno. Quantas e quantas vezes não entendemos o porquê de certos acontecimentos em nossa vida, o porquê certas coisas acontecem sendo que tudo parecia tão bom e tão bem estruturado.
Somente quando nos lançamos em Deus podemos fazer loucuras de fé que outros não entenderam porque não tem o mesmo inquietante chamado a colaborarem na obra de Deus. Quem diria que esta jovem iria chegar aonde chegou, contrariando seus sonhos e seus preceitos, abrindo mão de tantas outras coisas em consequência de algo realmente sem fundamento. Quando deixamos uma comunidade tudo parece sem sentindo – digo aqui para aqueles que deixaram a comunidade forçados e que quando estando nela realizavam todas as suas obrigações e deveres com esmero e responsabilidade – nos falta o chão, buscávamos sempre cumprir todas os trabalhos propostos, tínhamos criatividade para bem corresponder ao que nos era apresentado para realizar... mas somos convidados a mudar todo o trajeto, planos, aspirações...não sabemos mais o que fazer.
Ester bem nos apresenta o modelo da atitude que devemos ter: entrega confiante e abandono total a divina providência. Entregar-se de forma sincera a oração e apresentar-se diante de Deus com todas as nossas potencialidades e decepções, rasgar nossa alma na presença Dele e esperar, pois se cremos ser o nosso chamado obra de Deus então devemos estar disponíveis para que Ele opere em nós de acordo com sua vontade e nos guie para a meta, que pela decepção e a perda não conseguimos enxergar.
A vocação de Ester foi consideravelmente contrária àquela que ela tanto aspirava quando junto de seu tio. Foi necessário um acidente de percurso para que as coisas fossem entrando no eixo e para que aquilo que parecia perdido fosse, na verdade, a salvação para muitos. Quando tudo parecer sem sentido em nosso caminho vocacional, quando a realidade não corresponder às expectativas, quando as portas parecerem estar se fechando para aquilo que meu coração apresenta como convicção ou até mesmo quando o coração estiver completamente perdido na incerteza do chamado, ore! Coloque-se na presença de Deus e renove para com ele a confiança e disponibilidade de querer cumprir sua vontade, mas se a dor e a desilusão for grande de mais, peça que Ele possa conceder luzes para que a melhor decisão seja tomada.


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